domingo, 21 de fevereiro de 2016

Rancho Maldito


Por volta do ano de 2008, em algum quartel do Rio de Janeiro, existiam boatos que era um lugar sombrio e muitas vezes macabros. Aparições de vultos, vozes de comandos, deslocamento de tropas em marcha, coisas na maioria das vezes inexplicáveis. Os soldados mais antigos, contavam essas histórias para os recrutas, afim de deixá-los com medo, ao caminharem pelo quartel a noite.
Era mais um dia de serviço para o soldado Wanderson. Cabelo cortado, barba feita, totalmente pronto para assumir o serviço, junto com a guarnição. Mesmo sendo um domingo, estavam tranquilos, pois não tinha nenhum evento previsto para acontecer naquele dia. Terminada a Parada Diária, a guarnição se dividiu para o seu setor de operação, a guarda para o portão das armas, os cozinheiros para o rancho e assim suscetivamente. Wanderson, era o Soldado mais antigo no rancho, nunca tinha visto ou escutado algo, derrepente um barulho de panela caindo, ele deduz ser na copa, e vai dar uma olhada. Chegando lá, não tem nada caído no chão, nenhum tipo de alteração, ele fica meio nervoso e com medo, mas acreditava que fosse algum dos recrutas que o auxiliava no rancho, tentando pregar uma peça nele. Ele chama seus subordinados, e em pouco tempo aparecem, então perguntou:
- Vocês escutaram algum barulho de panela caindo ?
- Não senhor ! Nada de diferente.
- Tudo bem então, podem ir.
Ele procurou esquecer isso, e o serviço continuava. Chegou o pernoite, a guarnição já havia ceiado e as tarefas daquele dia, chegaram ao fim. Resolveu acender cigarro, relaxar e fazer uma ligação para sua namorada.
- Oi amor ! Como é que está o serviço ai ?
- Bem querida, já terminei minhas tarefas por hoje, senti saudade da sua voz e resolvi ligar para você.
- Hum... Que lindo ! Mas amor, não tem como você ir para um lugar com menos barulho ? Eles ai fazem formaturas noturnas ? Estou escutando o toque da corneta, uma tropa em marcha...
Nessa hora, o coração e a alma de Wanderson gelaram, pois não existia mais ninguém no local. No mesmo instante começou a sentir que estava sendo observado, ele responde sua namorada:
- Querida, não tem ninguém aqui comigo ! Estou sozinho !
- Hahaha ! Sério amor, para de brincar. Anda logo ! Procure um lugar menos barulhento, para conversarmos melhor.
- Querida... Você... Alô...
Do outro lado da linha, a namorada dele já não escuta mais a voz dele, apenas da marcha, toque da corneta e vozes de comando.
- Alô Wanderson ? Cadê você ? Está tudo bem ?
Derrepente silêncio absoluto. No dia seguinte, ela vai no quartel saber sobre o namorado, e lá disseram que ele havia fugido do quartel. Ela tenta explicar o que ouviu na noite anterior, mas ninguém acreditava, achava que ela estava inventando alguma história para dar suporte a suposta fuga do namorado. Até hoje, esse Soldado é considerado desertor, sem nenhuma pista de onde começar a procurar, somente sua namorada é uma espécie de testemunha.