terça-feira, 21 de julho de 2015

O palhaço mocotó

                                             

O circo Bagunça Bem Feita se instalou na cidade.


Já era a vez de Mocotó, o palhaço, entrar no picadeiro, e ele não achava seu nariz de bola vermelha.

Pôs-se a procurar na caixa da Mulher Barbada e no baú do mágico, mas nada. O que ele fez então?



ocotó abriu o guarda-roupa do Engolidor de Fogo, mas só viu o seu material de trabalho: três pacotes de fósforos, dois maços de vela, quatro rolos de algodão, seis tochas de fogo e dois litros de álcool.

- fa! Vou fechar logo aqui antes que eu fique queimado.

Ele deu uma olhada geral no camarim: roupas penduradas, perucas, bolas, armação de ferro,palmatória, cadeiras, espelho, tudo, menos seu nariz de bola vermelha.

- Só falta olhar na caixinha do Domador de pulgas...mas não sei se devo mexer com as pulgas... esses bichos...







De novo o grito do dono do circo:

- Ei, Mocotó, o pessoal não agüenta mais esperar!

Mocotó nem respondeu. Apavorado, quase chorando, aproximou-se da caixa das pulgas e espiou pelo buraquinho. As pulgas, danadas, brincalhonas, foram logo fazendo gozação com o palhaço:

- Palhaço boboca, nariz de pipoca!

- Palhaço boboca, nariz de pipoca!

mocotó até gostou da brincadeira e pensou: "Se elas disseram que eu tenho nariz de pipoca é porque eu tenho nariz, ora bolas!"

Ele deu meia volta no corpo e foi em direção ao espelho do camarim.

Surpresa!

- E não é que o meu nariz de bola vermelha está em cima do meu nariz de verdade?

Satisfeito, Mocotó não esperou o dono do circo chamá-lo outra vez. Botou um grande sorriso preto e branco embaixo do nariz de bola vermelha e entrou no picadeiro, gritando:

- Hoje tem espetáculo?

E a platéia alegre respondeu em coro:

- Tem, sim Senhor!


segunda-feira, 20 de julho de 2015

Nascido em liberdade


Em um lindo dia de sol, a menina olhava alegremente pela janela do seu quarto alguns passarinhos que brincavam no jardim.

Ao perceber que um deles estava quietinho e não voava como os outros, foi lá para ver mais de perto e percebeu que o pequeno pássaro estava com uma asinha machucada. Então teve muita pena dele e o levou para sua casa.

Pegou a malinha de primeiros socorros da mamãe e cuidou do bichinho, colocando-o em uma gaiola, dando comidinha e água todos os dias até que ele ficasse curado.

A asa do passarinho voltou a se movimentar, só que ele continuava quietinho dentro da gaiola, sem esboçar vontade alguma de voar.

Perguntou ao papai o que ela tinha feito de errado, pois o seu novo amiguinho nunca tinha nem cantado uma música para ela em agradecimento ao seu cuidado.

O papai disse que ele havia nascido em liberdade, não estava acostumado com a gaiola e devia estar sentindo a falta de sua família.

A menina ficou muito triste, pois tinha se apegado ao bichinho e não queria perdê-lo, mas também não agüentava vê-lo tão triste assim dentro da gaiola.

Resolveu então levá-lo ao jardim e soltá-lo perto dos outros passarinhos que cantavam e brincavam alegremente.

O passarinho então, finalmente, levantou vôo e juntou-se aos outros, demonstrando estar muito feliz.

No dia seguinte a menina teve uma grande surpresa: foi acordada por uma linda canção que vinha da janela, cantada por seu amiguinho, que agradecia ao seu modo por todo seu carinho e dedicação.



A casa dos sonhos de Ceci

                                                       
Era uma vez uma menininha chamada Cecília, mas gostava de ser chamada de Ceci.

Ela morava nas ruas, não tinha casa, não tinha família, não tinha caminha, roupa, escola, comidinha, nada tadinha…

Todos os dias passava por uma casinha linda, cor de rosa, com um jardim na frente e um parquinho com balanço, gangorra, escorrega e tudo o mais… Era a casa dos seus sonhos.

Ficava horas na frente daquela casa pensando:

– Que desperdício, nunca vejo ninguém brincando nesse parquinho, e eu aqui cheia de vontade de brincar…

Só que um dia, ao passar pela casa, sentiu um cheiro delicioso de bolo saindo de uma janela e não resistiu: tocou a campainha!

Uma senhora gordinha, de cabelos brancos e óculos abriu a porta e lhe perguntou com um grande sorriso no rosto:

– Pois não, menininha. O que deseja?

Ela meio sem jeito, falou gaguejando:

– E-e-eu senti um cheirinho tão gostoso de bolo, será que a senhora poderia me dar um pedacinho se não for muito abuso de minha parte?

Aquela senhora ficou encantada com o jeitinho meigo com que ela pediu o bolo e não teve coragem de negar.

Convidou-a para entrar em sua casa e ela parecia estar sonhando, entrou muito encabulada, pois estava tão sujinha e a casa por dentro era ainda mais linda do que por fora. Era tudo arrumadinho e limpinho.

A boa senhora lhe deu um grande pedaço de bolo com manteiga e um copo de chocolate quente, que ela nunca tinha tomado na vida. Ela saboreou cada pedaço de bolo e cada gota de chocolate quente como se pudesse eternizar aquele momento mágico.

Ao terminar o delicioso lanche, agradeceu e já ia saindo de fininho, quando a senhora perguntou qual o seu nome e onde morava. Ela disse que se chamava Ceci e que morava nas ruas, pois não sabia onde estava sua mãe há muito tempo.

A senhora ficou comovida com sua história e disse que morava sozinha e sentia muita falta do filho e dos netos que tinham ido morar em outro país e, desde então, a casa ficava vazia, sem ninguém para ela cuidar ou brincar no parquinho e perguntou se ela gostaria de ficar mais um pouco e lhe fazer companhia.

Seus olhinhos brilharam e imediatamente ela aceitou o convite. Tomou um banho, colocou a roupa de sua netinha caçula e foi correndo para o quintal brincar no parquinho, realizando assim o seu grande sonho.

A noite chegou e ela foi dormir no quartinho de criança que a senhora havia construído para os netos e aproveitou para dormir bem abraçada com um lindo ursinho azul.

No dia seguinte foram as duas procurar o conselho tutelar da cidade onde moravam e a senhora conseguiu a guarda provisória de Ceci.

Encontraram sua mãe em uma cidade do interior e a mesma disse que não tinha condições de cuidar dela, pois era muito pobre, mas ficou feliz em saber que ela havia encontrado um lar.

Ceci estava muito feliz vivendo na casinha rosa dos seus sonhos e se tornou uma boa companhia para aquela senhora, a ajudando com a arrumação da casa, cuidando do jardim, carregando as compras e aprendeu muitas coisas com ela também, inclusive se tornou uma ótima aluna na escola em que foi matriculada.

Os anos passaram e Ceci se tornou uma linda moça, ficando ao lado daquela senhora até seus últimos dias e recebeu de herança aquela linda casinha rosa dos seus sonhos, onde casou e criou seus lindos filhinhos que adoravam brincar naquele parquinho e viveu feliz para sempre!

sexta-feira, 17 de julho de 2015

A lenda da Rua São Sebastião



Somente os mais antigos moradores de Florestal é que sabem contar casos de arrepiar. Dentre as muitas histórias estão aquelas sobre a Rua São Sebastião.

Como sempre, a partir da meia-noite é que se ouviam barulhos estranhos na rua. Como não havia luz elétrica, ninguém se metia a besta de sair para ver quem ou o quê era.

Eram gemidos, gritos, tropel de cavalos, passos arrastados...

Muitos garantem que viam pelas frestas das janelas mula-sem-cabeça e lobisomem rondando a rua.

Por muitos e muitos anos esses fatos atormentaram a população florestalense.


quinta-feira, 16 de julho de 2015

O solitário girassol



Num jardim muito bonito, não muito longe daqui...
Um novo dia nasceu.
O sol começou a brilhar, cheio de alegria, dando luz e calor para todo o mundo...
De repente, num cantinho do jardim, o sol descobriu uma nova florzinha, que tinha nascido de madrugada.
A florzinha girava, girava, girava...
Acompanhava todos os movimentos do sol.
Por isso, ele logo descobriu que era um girassol.
- Bom dia sol! - disse a flor, sorrindo. Desde que eu era uma semente, lá no fundo da terra, estava morrendo de vontade de te encontrar! Sou Giraflor, um girassol que acaba de nascer!
- Bom dia, flor! Você é muito bonita! Está gostando daqui?
- Estou, sim! É tudo muito bonito! Mas... Eu estou me sentindo um pouco sozinha... Será que você me faz um favor?
E o sol, prontamente, respondeu:
- Pois não, se eu puder... O que você deseja?
- Bem, como eu estou muito sozinha... Ainda não conheço ninguém... Será que você não podia arranjar uns amigos para mim?
- Ah, flor, isso eu não posso fazer por você, ninguém pode.
- Por que, sol?
- Amigos ninguém arruma para ninguém. Amigos a gente conquista.
- Como assim, sol?
- Um amigo, flor, é o maior tesouro que se pode ter. Se a pessoa for a mais rica do mundo e não tiver amigos, será uma podre mendiga...
Mas... amigos a gente tem que merecer... E conquistar!
A florzinha era toda interrogação:
- E que eu posso fazer para conquistar amigos?
- Também não existe uma regra certa. Com o tempo você vai descobrir. Disse o sol.
Bem agora vou indo...
- Ah, sol, não me deixe sozinha aqui!
- Que é isso, flor? Eu não posso ficar aqui só com você. Não queira prender seus amigos, porque é o primeiro passo para perder os que amamos... Eu vou, mas volto e, enquanto você me espera, vai conhecer novos amigos. Tchau!
Meio desapontada, a florzinha respondeu:
- Está bem... Eu estou confusa, mas... Tchau!
Algum tempo depois, chegou, Vagarosa, a lagartinha, e as duas começaram logo a conversar:
- Bom dia, quem é você?
- Sou Vagarosa, uma lagarta muito charmosa. E você?
- Sou Giraflor, um girassol. Você quer ser minha amiga? Estou tão sozinha!...
- É claro que sim! Sou amiga de todas as plantas!
Vagarosa era um pouco gulosa e, assim, foi logo perguntando:
- E já que somos amigas, será que eu podia pegar um pedacinho da sua folhinha? Eu estou com uma fome! E elas parecem ser uma delícia!
Giraflor ficou uma fers:
- O quê!!! Comer a minha folha?!!! Sua gulosa!! É assim que você quer ser minha amida? Para tirar um pedaço de mim? Vá-se embora daqui, sua feiosa! Não deixo e não deixo!
Coitada da Vagarosa! Que susto!
Vagarosa foi saindo devagar, toda desapontada, e disse:
- Puxa, Giraflor! Eu não ia comer tudo, só um pedacinho! Eu estou com muita fome... Você tem tantas folhas, não ia nem fazer falta... E como você quer ter amigos se não quer dar nem um pouquinho de você para seus amigos? Tchau!
Giraflor nem ligou, estava muito brava.
Daí a pouco, chegou Abelim, a abelhinha, e Giraflor esqueceu a raiva.
- Sou Abelim e sei que você é um girassol, conheço todas as flores! Quer ser minha amiga?
- Claro que eu quero, estou muito sozinha aqui... Sou Giraflor.
- Ótimo! E... Já que somos amigas, que tal, que tal deixar eu pegar um pouquinho de seu néctar para fazer mel? Todas as flores me dão o néctar e eu as ajudo, espalhando o pólen pelos campos e enchendo a vida de flores...
Já sabem a resposta de Giraflor, né? Ficou de novo aquela onça:
- Você também? Mas o que é isto? Você também quer me roubar? Vagarosa queria minhas folhas, você quer o meu néctar! Assim, como é que eu fico?
Abelim era mais brava que Vagarosa e respondeu:
- Olha aqui, sua florzinha metida a besta! Eu só ia tirar um pouquinho do seu néctar e, depois, você ia fabricar mais. Além disso, eu também ia ajudar você, levando o pólen até outro jardim para que outros girassóis nascessem. Mas pode deixar. Existem muitas flores que ficam felizes em ajudar. Pode ficar com tudo... Sozinha! Tchau!
Foi a vez da Giraflor ficar desapontada e triste.
E foi nessa tristeza que o sol a encontrou quando voltou:
- Mas o que é isto, minha amiga? O que foi que aconteceu?
- Ah, sol! Esses amigos! Cada um quer um pouco de mim! E eu? Como vou ficar? Sem Nada! Eles não são amigos, são um bando de fominhas!
O sol sorriu e respondeu:
- Ah! Quer dizer que a minha florzinha já está aprendendo a sua parte na vida?
- Eu não, estou é muito triste com esses falsos amigos...
- Sabe, flor, ser amigo é assim: é dar da gente mesmo para todos... Mas não se preocupe! O que a gente dá é o que a gente tem... Tudo o que a gente dá volta para gente em alegria e carinho. E, também, ninguém quer tudo de você... Apenas uma parte...
- Mas ser amigo é muito difícil!
- Mais difícil que viver sem amigos, flor?
- Bem... Não... Sim... Não sei... Ficar sozinha também é muito ruim...
O sol aproveitou a sua dúvida e continuou:
- Um sorriso de um amigo aquece o nosso coração, como o sol da manhã... As flores que damos a um amigo perfumam primeiro o nosso coração... O amor que damos a um amigo é música primeiro em nossa alma... A pessoa que não quer dar nada de si pode ter muitas coisas, mas é sozinha e vive num deserto chamado solidão. Esta é a pior pobreza que existe...
É, então, flor, que descobrimos que um amigo é o melhor presente que podemos ter!
Giraflor pensou bastante em tudo que o sol tinha dito e resolveu chamar os amigos de volta, gritou o mais alto que pode:
- Amigos, voltem!
Os amigos resolveram dar uma nova chance à florzinha.
Depois disso, tiveram outras brigas, por outros motivos...
Mas... um amigo é o maior presente que se pode ter!


terça-feira, 14 de julho de 2015

nas cavernas



Na caverna da educação o professor ditava a lição e o rapaz a toda velocidade entalhava a página de pedra. Plec!... Plec!...Chegava até a sair fumaça do choque entre as pedras tamanha era a rapidez com que o rapaz escrevia.
O professor não dava mole e continuava a ditar: “ ...e assim o clã dos Silveira tiveram que partir para o norte por causa de um selvagem dinossauro que a cada tentativa frustrada de capturar alguém do grupo ficava mais posseço...
- Professor como é que se escreve essa palavra? é possesso, poseço, posesso ou...perguntou o rapaz.
- Bem, é melhor a gente deixar essa pedra pra lá e pega outra. Vamos começar de novo. Quando chegar à parte do posseso você coloca que o dinossauro ficava muito chateado por não conseguir capturar ninguém....Pra que complicar a vida se a gente pode simplificar. É ou não é! Comentou o professor.

sábado, 11 de julho de 2015

Jorge


Era uma vez um garoto, o nome dele é Jorge. Toda noite sua mãe lhe contava histórias de um garoto que morava no sertão da mesma idade que Jorge. era assim: o menino ia dormir e não bebeu água, aí a alma ficou com sede, depois quando a alma foi levantar pra beber água no poço, a alma caiu lá dentro e o menino morreu. Mas Jorge se achava esperto, ele dizia a sua mãe que isso nunca ia acontecer porque na casa dele tinha geladeira, aí outro dia desses, jorge foi dormir sem beber água, aí a alma dele foi levantar pra beber e acabou trancada acidentalmente na geladeira… Jorge morreu sem alma aí os pais dele ficaram loucos, e os amigos dele entraram em depressão e viveram eternamente num hospício.




Crença

                                  


Um educador secular na Rússia Comunista estava dando uma aula sobre Ciências e Ética aos seus jovens alunos. O tema em discussão era a idéia de "crença versus realidade". Ele começou sua palestra com a alegação que tudo aquilo que não pode ser visto não existe.

"Vocês sabem por que não podem ver um disco voador no céu?" perguntou o professor à audiência. "Porque não existe! E pelo mesmo motivo, todos acreditamos que não há nenhum D'us neste mundo. Não podemos vê-Lo, portanto Ele não existe."

Um estudante esperto, sentado ao fundo da sala, levantou a mão e saiu-se com essa: "Isso significa que o professor não tem cérebro? Quero dizer, nenhum de nós pode vê-lo?!"
"Para quem acredita não há perguntas: para o céptico não há respostas."

"Quanto menos se sabe, mais fácil é se convencer que se sabe tudo."




segunda-feira, 6 de julho de 2015

A raposa sem rabo

                          

Uma ladina Raposa
Caiu em certa armadilha,
(Que sempre as tece o Diabo!)
E foi grande maravilha
Ficar apenas sem rabo:
Com tal perda envergonhada,
De a coonestar busca a ideia;
E as sócias vendo uma vez
Juntas em grande assembleia,
Lhes disse muito cortês:
– Sabei que os cães destes sítios,
– Que há dias tenho encontrado
– Por esta campina toda,
– Tem o rabo cortado,
– Que me faz crer que isto é moda;
– Se é moda (falo-vos sério)
– Nunca vi coisa mais útil!
– De que serve dizei vós,
– Trazermos um peso inútil
– Pendurado atrás de nós?
– Um rabalhão gadelhudo,


– Que nos faz calma no estio,
– E lá pelo inverno todo
– Nos dobra, e exaspera o frio
– Ou cheio de água, ou de lodo?
– Portanto eu vos aconselho,
(E deixemos questões fúteis)
– Que o rabo cortemos todas;
– Pois quando as modas são úteis,
– É útil seguir as modas.
Uma Doutora do rancho,
Mestra em astúcias antiga,
Lançando-lhe a vista em roda
Lhe diz – Ora aposto, amiga,
– Que tu já usas da moda?
– Deixa ver, dá meia volta,
Eis que então a derrabada,
Disfarçar-se não podendo,
Ao som de grande assoada,
Dando à gambias foi correndo.
Que de um delito afrontoso
Em si o ferrete imprime,
Com achar parceiros conta;
Crendo que a mancha do crime,
Sendo usual, pouco afronta.



Rato Lagarto

Um lagarto e um rato
fizeram amizade
num jardim
de certa cidade.

O rato só pensava
na bola
mas o lagarto
andava na escola.

Às vezes discutiam
com grande calor
porque um queria
ser doutor
e outro ganhar milhões
e ser ídolo
das multidões…

Certo dia
o desmiolado
roeu um dicionário
de rato-lagarto
que lhe soube a bolor
e que pertencia
ao lagarto doutor.

Muito arreliado
o lagarto zangou-se
com o rato analfabeto
que nem sabia ao certo
para que servia
aquilo que roía.

Então o tolinho do rato
que só pensava na bola
e não ia à escola
resolveu ir aprender
a ler e a escrever
para ter perdão
do lagarto sabichão.

E foi assim
que não teve fim
a amizade
que um lagarto e um rato
fizeram
num jardim
de certa idade.




sábado, 4 de julho de 2015

Opção



Um jovem descrente, desejando testar o conhecimento de um sábio, ergueu o punho fechado na frente do homem venerado.

"O que tenho em minha mão?" perguntou o jovem.

"Uma borboleta", foi a resposta.

"Está viva ou morta?" inquiriu o rapaz.

O ancião sabia que o jovem estava brincando com ele. Se respondesse morta, o jovem abriria a mão e deixaria a borboleta voar. Se respondesse viva, o rapaz fecharia a mão e esmagaria a criatura. Então respondeu:

"Está em suas mãos – fazer aquilo que deseja com ela."

"Se você pensar que pode, ou que não pode – estará certo."

"Quando todos os elementos estão fora do seu controle, lembre-se de que ainda pode controlar a sua reação.""O dinheiro é fogo. Pode destruir e aniquilar, ou iluminar e aquecer, dependendo da maneira pela qual é usado.”


A Lebre e o Porco-Espinho

Numa clareira, junto a um campo de trigo, vivia uma família de porcos-espinhos e uma lebre.
Numa bela manhã de sol, um porco-espinho saiu para dar um passeio no seu campo de nabos. A lebre, sua vizinha, teve a mesma ideia e saiu para vigiar o seu campo de reponhos.
“Bom dia!”, disse o porco-espinho à lebre.
“Bom dia, também para ti!”, respondeu-lhe a lebre.
“O que vais fazer hoje?”
“Quero dar um passeio”, respondeu-lhe o porco-espinho.
“Um passeio!?”, repete a lebre com voz de gozo.
“Com essas pernas curtas e tortas, acho que não vais muito longe!
O porco-espinho ficou muito ofendido. Não suportava que fizessem pouco dele e muito menos uma lebre presunçosa!
Decidiu então vingar-se e lançou-lhe um desafio.
“Vem comigo ao cimo daquela colina”, propôs à lebre.
“Vamos ver quem chega primeiro ao vale. Já vais ver para que servem as minhas pernas!”
“Muito bem!”, respondeu a lebre. “Se queres fazer má figura, está à vontade… mas qual é o prémio para o primeiro lugar?”
“Uma moeda de ouro e uma garrafa de brandy”, respondeu o porco-espinho. Combinaram encontrar-se meia hora depois no alto da colina.
O porco-espinho tinha um plano, mas precisava da ajuda da sua mulher. “Tenho que fazer uma corrida com a lebre e tu vais ajudar-me a vencê-la!”
“Mas como?”, perguntou a mulher preocupada.
“Só tens de ficar parada na meta e esperar pela lebre. Quando ela chegar, dirás: eu já cheguei!”
A lebre apresentou-se no local da partida à hora combinada.
Três, dois, um, Partida! E a corrida começou.
O porco-espinho andou alguns metros e depois escondeu-se atrás de um arbusto. Quando a lebre chegou ao vale encontrou a senhora porco-espinho, que lhe disse: “Eu já cá estou!”
Na verdade, o porco-espinho e a sua mulher não eram propriamente iguais. Ela era muito mais bonitinha. Mas só outro porco-espinho, ou uma lebre muito atenta, saberia notar a diferença. Mas para aquela lebre presunçosa os porcos-espinhos eram todos iguais, por isso não percebeu que tinha sido enganada.
A lebre, no entanto, não conseguia acreditar que o seu vizinho tivesse chegado primeiro. Por isso, pediu a desforra. E de novo, quando chegou ao vale, ouviu a senhora porco-espinho gritar: “Já estou aqui!”
A lebre presunçosa não aceitava a derrota e quis tentar vezes sem conta, perdendo sempre. Até que, à septuagésima quarta vez, desistiu a meio do percurso.
O porco-espinho pegou na sua moeda de ouro e na garrafa de brandy e voltou para casa todo contente com a sua mulher.
“Aquela lebre insolente”, disse o poco-espinho, “teve a lição que merecia.”


quarta-feira, 1 de julho de 2015

A senha do chefe



A loira foi ao gabinete do chefe e o encontrou absorto em seu trabalho. Ela notou que ele estava iniciando seu computador e resolveu dar uma espiada pra ver se conseguia descobrir a senha do chefe. Afinal, se ela descobrisse, o pessoal do escritório não iria mais chamá-la de burra!

Quando o chefe colocou sua senha, a loira saiu em disparada porta afora, gritando pra todos os colegas:

- Descobri, descobri, descobri!!! Agora eu sei a senha do chefe!

Todos:

- Oba!!!

Nisto, uma amiga mais atenta pergunta:

- E qual é a senha?

A loira, toda faceira, responde:

- Asterisco, asterisco, asterisco, asterisco e asterisco!


A ARTE DO SILENCIO

Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso. Algum tempo depois, descobriram que era inocente. O rapaz foi solto e, após muito sofrimento e humilhação, processou o vizinho. No tribunal, o vizinho disse ao juiz: – Comentários não causam tanto mal… E o juiz respondeu: – Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel. Depois pique o papel e jogue os pedaços pelo caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir sentença! O vizinho obedeceu e voltou no dia seguinte, quando o juiz disse: – Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem! – Não posso fazer isso, meritíssimo! – respondeu o homem. O vento deve tê-los espalhado por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão! Ao que o juiz respondeu: – “Da mesma maneira, um simples comentário que pode destruir a honra de um homem, espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado.” “Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada! Sejamos senhores de nossa língua, para não sermos escravos de nossas palavras.”


SÓ MAIS UM CAFÉ


Ontem acabei levantando tarde, tarde o suficiente para não ter mais pão na padaria. Então voltei em casa, peguei minhas coisas e sai a caminhar até encontrar um desses barzinhos de esquina, no meu caso era no meio da quadra.
Confeço que não sou muito fã desses cafés, nunca estão na temperatura ideal, são servidos em copos plásticos, o que me faz queimar os dedos, e isso me deixa muito irritado. Mas na situação que me econtrava, fui obrigado a me sentar na janela que dava vista para a rua e saborear um café forte e doce, acompanhando de um sanduíche de mortadela. Quem resiste?
Quem pensa que me aconteceu algo surpreendente e que vou enrolar por muito tempo contando histórias de padaria se enganou, talvez criaram espectativas sobre esse texto, ou talvez não, mas eu só queria escrever um pouco mesmo, enquanto bebia e saboreava meu café matutino as 13:15 da tar...
Droga, estou atrasado para o serviço.

O Cão e a Carne

Era uma vez um cão, que ia atravessando um rio; levava na boca um suculento pedaço de carne. Porém, viu na água do rio a sombra da carne, que era muito maior.
Prontamente ele largou seu pedaço de carne e mergulhou no rio para pegar o maior. Nadou, nadou e não achou nada, e ainda perdeu o pedaço que levava.

Moral da história: Nunca deixes o certo pelo duvidoso. De todas as fraquezas humanas a cobiça é a mais comum, e é todavia a mais castigada.






O homem que não parava de sonhar

Todas as noites eram iguais, aquele velho homem de cabelos grisalhos, dedos calejados do serviço, mesmo cansado, antes de dormir parava em frente ao guarda-roupa, de baixo da mala de viagem um papel de carta, dentro dele, uma fotografia já castigada pela ação do tempo.


Enquanto a olhava, a lágrima escorria pelo seu rosto, um suspiro dobrado aparecia quando olhava a cama vazia, gélida. Ele colocava a fotografia de volta ao lugar de onde havia retirado, erguia as mãos a altura do peito, juntava-as como estivesse abraçando alguém imaginário.


Então se aproximava, puxava as cobertas uma a uma, até que somente restasse o lençol branco sobre o velho colchão. Com a aparência de quem estava sendo consumido pelo sono, sentava-se na cama, retira o óculos e coloca sobre o criado mudo. Agradecia a Deus por mais um dia.


Logo que se deitava, antes do sono dominar seus olhos, imaginava luzes em frente aos seus olhos. Por entre as luzes, via uma mulher, jovem e linda, cabelos pretos, olhos claros e sorriso largo. Então, aos poucos a imagem da mulher esmaecia, e por vezes jurava ver um cavalo negro, pelo reluzente, vinha em sua direção. Quando estava chegando perto, seu pelo reluzia na luz e a imagem mudava, via agora, um carro vermelho, modelo sport. As imagens, as visões seguiam, uma após a outra até tudo escurecer, os olhos se fecharem, o respiração diminuir.


De repente, um suspiro profundo, sua mente acorda. Seu rosto esboça reações de uma pessoa desesperada, fazendo tudo para acordar, por alguns minutos o silêncio predomina. O velho sonhava, a ilusão o levava para fora de seu corpo, ele se via de fora, fazendo o que acabara de fazer.


Olhava a foto, chorava, despia a cama, sentava-se, tirava o óculos, agradecia a Deus, deitava. E quando não conseguia mais enxergar ninguém a sua frente, acendia uma luz, focava nos olhos do homem deitado. Que por sua vez, via entre a luz: a mulher, o cavalo, o carro...